sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Em uma das minhas divagações pessoais, entrei em uma crise profunda.
Eis:
O que sobra de um dia ou outro vivido? Será que a lembrança é tudo que nos resta?
Já parou pra pensar que se você simplesmente não lembrar de um dia, é como se ele não tivesse existido?
O que você lembra da semana passada?... Ela realmente fez parte da sua vida e, hoje, ela faz parte de você?... Essas coisas assim, a vida desenfreada; os minutos e pulsares de segundos correndo por entre os dedos.
Então olho pro meu peitoral sarado(!) e vejo uma cicatriz, coisa de dois centímetros, coisa pouca, coisa de criança. E me lembrei de como, brincando de espadinha, com um ferrinho de construção, ganhei a(!) marca de um dia, uma marquinha assim sem importância, e é só olhar pra ela e lembrar de tudo, das cores; das pessoas; e de como eu me senti super adulto com uma cicatriz de corte no peito esquerdo ( que nem as dos caras dos filmes de ação)..eu pousava à frente do espelho e fazia cara de mau, minha mãe dizia " êêê minininho narcisista". todo dia era um fim de tarde e toda tarde era um fim de dia, quando meu pai assoviava pela vila militar, e eu tinha que tomar minha sopa e ir pra cama. Enfim, lembranças, e só as são por deixarem marcas.
Desde então, comecei a marcar tudo, ainda na sexta série, escrevi na cabeceira da cama uma mensagem para o “eu do futuro”.. Lembro bem, a idéia era escrever uma equação, mas era difícil riscar a madeira, certinho; usei a estrelinha da boina, usei também algumas letras garrafais, acabou que não deu espaço para o todo e, da parte, ficou um “X+2”, seguido de um “para mim”. Acho que se não fosse esse dia, talvez não eu não lembrasse da exata sensação de dúvida do amanhã ou como as canetas ficavam exatamente colocadas dentro de um potinho azul, embaixo da prateleira vermelha que, por sua vez, ficava perto da cama. E por aí vai, acabei me tornando um viciado em marcar o mundo, até cheguei a ponto de amarrar fitinhas coloridas em galhos altos de árvores, é tão bom olhar pra cada fita e lembrar o dia, a cor do céu, o cheiro do toda de cada cor...É bom lembrar, pois é isso que prova que vivemos, isso que prova que aprendemos e , acima de tudo, é isso que nos torna eternos contadores de histórias
;)

2 rabiscos:

Poeta Idealista disse...

Eu guardo tudo em caixas, tem coisa da minha 7a série =) adoro ficar revendo.
Por isso que odeio essas doenças de memória. Lembranças fazem parte do que somos.

Anônimo disse...

Eu guardo, eu me desfaço, eu cuido, eu queimo. Cada lembrança tem um fim para mim. Mas se eu não tivesse memórias eu seria totalmente sem sentido nessa vida.

Diogo adorei o poema que vc me deixou, até salvei...
:)

Um beijo, ótimo começo de mês :*