Vou assim, seguindo uma melodia, seguir melodias é tão clichê.Mas o que não é?
A melodia da vez não diz nada, quem sabe a próxima.Não que eu busque respostas ou perguntas, é só uma questão de melodia, ritmo e harmonia, é magia.Assim, com um copo de magia, eu posso pintar idéias, a melodia da vez é escura, sem mais azul.Cheguei ao ponto de sentir nojo ao ver azul.Vermelho, preto, cinza, laranja e marrom.É só disso que preciso para pintar minhas idéias.Vou começar com uma corda de nylon e dedos compridos, em seguida, uma árvore seca, um pássaro negro, uma montanha escondendo o sol e do outro lado da tela, a lua meio morta.Eis aí o cenário da paranóia.
Os dedos marrons buscam o tom perfeito, mas não há perfeição na tela, tela de ninguém.Quando pinto minhas idéias, elas se tornam de ninguém, de algum modo, elas correm para um desenho sem talento e ficam em exposição ao sol, ás luzes dos olhos de pessoas pacientes e –talvez- desocupadas.
Agora a melodia é outra, mais suave e sem luas meio mortas, e sinto-me livre para pintar o quadro de uma mente embaralhada.Fato é que estou ficando com medo de enlouquecer, sem metáforas ou dramas, realmente, tenho medo de ficar louco.Não quero me envolver com pessoas das quais a vida eu não pertenço mais, já tive minha oportunidade, joguei no lixo, e agora me vêem lamentações melancólicas do que poderia ou não ter feito.Raios(!), já existe amnésia em comprimidos? Parecesse-me que tentar esquecer são que nem os jogos, animes, livros e o violão, todos sedativos –são fugas da realidade-.Verdade é que estou desviando meus atos inconscientemente para o abismo, como quando se caminha pela calçada e, ao avistar uma bela moça, eu começasse a desviar o curso na direção dela, sem pensar no depois, sem calcular o tempo gasto nessa rápida fitada nos olhos de uma bela imagem na calçada.
A questão é: Quando eu ficar louco, como vou saber que estou? E outra: Medo de ficar pirado é, por si, uma paranóia que talvez anteceda a loucura?...É nesse momento da pintura que tudo fica confuso e a minha vontade é de rasgar o quadro, queimar e com as cinzas adubar um broto de feijão, quem sabe assim eu lembro da minha infância, quando a Tia Sônia mandava germinar o feijão no algodão com água.Talvez nessa regressão eu ache as minhas patéticas respostas para a busca do meu patético mundinho perfeito, sem arrependimentos.